domingo, 31 de maio de 2015

"A simplicidade começa dentro de nós"


          É comum ouvir um viajante antes de iniciar sua aventura, dizer que não se importara com os obstáculos no caminho, que não há problemas se o país é mais pobre, que se adaptara as situações.

          Antes de iniciar minha "grande aventura" pela América Latina, tentei concentrar minhas energias, em manter a mente sempre aberta as oportunidades e não dar espaço ao medo e ao mau humor. Porem quando se chega ao outro lado da realidade, o choque causado pode acabar com seus planos. Não me orgulho de confessar isso, mas fui uma bela reclamona durante a viagem e pobrezinho dos meus colegas que me aguentaram. Para uma primeira experiencia, passar pelo frio, pela falta de dinheiro (terminais de banco engolindo cartões), pela fome (condições precárias de higiene e consequentemente muita intoxicação alimentar), pela doença ( uma puta infecção de garganta e nenhum antibiótico), pelo medo (quando tudo dava errado) e outras sensações não rotineiras do nosso dia-a-dia, foi ate justificável o desconforto que senti. Hoje olho para trás e tenho outra visão, outra perspectiva, e seria uma nova experiencia repetir o roteiro, sem preconceitos e sem "frescura". Percebi que a gente se prepara tanto para uma longa viagem e não percebe que a maior mudança começa dentro de nós, em nosso próprio habitat. Você não precisa viajar para fora, para um país pobre, ou se preparar para os "perrengues" para ser simples. Passamos por situações muito amenas e complicamos tudo. Em nossa cidade, conhecemos todos os lugares, muitas pessoas e mesmo tendo nosso meio de transporte, resmungamos pelo congestionamento, enquanto que no mochilão não se conhece nada, se depende de ônibus e ainda carrega-se uma mochila de 20 kg nas costas (e se faz isso com um sorriso na cara), temos vários meios de conseguir dinheiro (banco, parente, amigo, cheque especial) enquanto que no mochilão, se uma maquina engole o seu cartão fudeu tudo, temos facilidade em conseguir remédios, enquanto que em poucos países ha sistema publico de saúde e os medicamentos somente são vendidos com receita, aqui temos nosso guarda-roupas cheio de roupas, comida fácil e da qual gostamos, e em uma viagem nada disso é facilmente acessível. Reclamamos por tão pouco tendo tudo, e quando viajamos, tentamos não reclamar por nada, vivendo do minimo. Deve ser porque a verdadeira mudança não comece na viagem, mas em sua casa. De nada adianta retornar da viagem e tudo voltar a ser como era, mas na próxima viagem, se preparar de novo para ser simplista.


          Abaixo segue algumas fotos de bons "perrengues" da viagem. E porque bons? Porque são nos momentos difíceis que percebemos que somos capazes de ir alem de nossos preconceitos, medos e perspectivas.


"Quando se tem fome, qualquer comida pode ser transformar em um excelente banquete"


Como ja dizia Raimundos "Money que é good nois num have", então o jeito é se virar com o que tem: um saco de pão de forma, dois patês de carne de cerdo (porco, blah!), um suquito de garrafa, pet cortada ao meio como improviso de copo e 1 litro de água, toda nossa comida para os 3 dias presos em Calama, com direito a uma pernoite na rua.


"Perigoso é não se arriscar"


Quando cheguei na estrada da morte, ao mesmo tempo que aquela vista surpreendente roubava toda minha atenção, o desconhecido fazia o medo tomar conta de mim. Não só pela sua história, mas também pelas suas acentuadas curvas!! Depois de descer os 65 km de bike percebi que perigoso era deixar dominar-se pelo medo e perder esta paisagem maravilhosa.


"Um sedentário também pode mochilar"


Antes de começar o mochilão, inúmeras pessoas questionavam como eu iria subir Waynapicchu sem nenhum preparo físico e minha resposta era, com força de vontade. Ali estava eu a 2.720 metros de altitude. Não apenas subi, como também fiz a trilha de ida e volta da hidrelétrica a Águas Callientes (uns 20 km por trecho) e voltei a pé da entrada do parque até a cidade (6 km de puro barranco). Nada que uma overdose de dorflex não resolva.


"Go to from hell"


Atacama from hell. Não no sentido literal de pagar os pecados, de lugar ruim, mas de quente pra caralho mesmo. Eu achava que o calor era incomodo e o frio doloroso, até conhecer este deserto. La descobri que o corpo pode sofrer mais com o calor do que com o frio. E por incrivel que pareça, enfrentei até -5°C na viagem e fui dar uma infecção de garganta nos 50°C do Atacama. A variação de temperatura do dia pra noite era uma coisa de louco, parecia que de dia estava em uma sauna e de noite mergulhando em lago congelado. Meus antibióticos haviam acabado e eu estava destruída, com dores no corpo, febre, peito cheio e quem aliviou um pouco meu sofrimento foi o dono do hostel que fiquei hospedada, me doando uma cartela de anti-inflamatório. As vezes a ajuda vem de quem menos se espera.


"Algumas pessoas tem medo de altura, outras dor de cabeça e dor de barriga"


A Bolívia parece uma montanha russa, mas sem descida. Você sobe, sobe e sobe e quando vê, esta na cidade mais alta do mundo, Potosi. As dificuldades enfrentadas pela altitude, ja foram aparecendo assim que chegamos em La Paz, muita dor de cabeça, falta de ar e para alguns amigos, até dor de barriga. Para isso nos foi apresentado a folha de coca, que para a ignorância de alguns é uma droga liberada no país (de droga e de onda não tem nada hehehe).







terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Santa Cruz de La Sierra

      Apesar do tamanho de Santa Cruz de La Sierra, achei que a cidade deixa um pouco a desejar, pois é maior que La Paz e Sucre, e não tem muito o que se fazer por la.
     Ficamos hospedados no hostal Jodanga, que faz parte da rede de hostelling international, que geralmente, costumam ser muito bons. Em especial o Jodanga me agradou bastante, possui cozinha compartilhada, mesa de sinuca, uma piscina, sala de tv, internet e um excelente cafe da manha, com frutas, pães e ovos. E também me surpreendeu muito a educação das pessoas que ali se hospedaram, não sei se foi sorte, mas na ida e na volta me hospedei nele, e todas as pessoas ali, tentavam manter a limpeza do lugar, e respeitavam bastante os quartos em termos de barulho. Não foi o hostal mais barato que fiquei, mas acho que ele oferecia o suficiente pelo valor cobrado. 


Hostal Jodanga

     O hostal encontra-se próximo a rodoviária, e para ir ao centro é necessário pegar um ônibus  por que caminhando é um pouco longe, mas é possível  para quem estiver animado a torrar no sol pra economizar 1,80 bolivianos.

     No centro é possível encontrar fast foods, e bons restaurantes. Também para quem quiser pegar uma baladinha a noite, táxi não é caro, e no hostal sempre fara amigos dispostos a irem e dividir com você as despesas de táxi.


Balada em Santa Cruz


      Existe um lugar na cidade que ha uma grande feira, com produtos por preços bem baratos. É como se fosse um gigantesco camelô que ocupa varias ruas.  Não me recordo a localização, mas no próprio hostal podem te passar esta informação.
Mesmo assim, ainda creio que em La Paz encontrara as mesmas coisas, por preços bem melhores. 

   Custos:

  • Hostal Jodanga : 80 bolivianos (quarto com 8 pessoas, mas o quarto com 10 pessoas custa 70 bolivianos);
  • Passe de onibus: 1,80 bolivianos (Este preço varia de acordo com a distancia do lugar);
  • Balada : (Não recordo o nome do bar, mas fica como referencia o valor) 20,0 bolivianos a entrada;

     Existem hostels bem mais baratos, de ate 30 bolivianos. Abaixo segue um link para pesquisa de hostal : 


Abaixo segue outro link para pesquisar a rede de hostelling international:



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Puerto Quijarro até Santa Cruz de La Sierra

    Chegando em Puerto Quijarro, pegamos um táxi até a estação de trem, pois o calor daquela cidade era insuportável, chego a chutar que  fazia 50°, e todas as ruas de terra e nenhuma sombra, nenhuma arvore. Mas para quem quiser pegar um bronze, é possível ir caminhando da fronteira até a estação de trem, que também é próximo ao terminal rodoviário. 

     Chegamos na estação faltando uma hora para a saída do trem, e daí a surpresa!!!! Não tinha acabado as passagens de trem, mas o vendedor somente nos venderia se pagássemos propina para ele! Inicialmente concordamos, afinal queriamos sair logo dali e conhecer o famoso trem. O valor da propina era pequeno então juntamos todo dinheiro para embarcar no trem. Porem este funcionário não nos entregou nenhuma passagem comprovando que havíamos pagado e nos disse que nos encaixaria em qualquer vagão. Logo depois apareceu o motorista dizendo que também teríamos que deixar nosso passaporte com ele, caso contrario não poderíamos embarcar. Achando estranho a situação ofereci a identidade que também é valida e ele não aceitou. Ou seja, alem de nos cobrar propina ainda queria roubar nossos passaportes para depois cobrar mais propina para devolve-los. O mais assustador foi um policial ter participado de toda esta conversa ciente de que o motorista iria roubar nossos passaportes, e me dizer no final que não podia fazer nada pois não era o dono do trem.

     Revoltados e chateados, descemos para o terminal rodoviário para comprar passagens de ônibus que no final saiu mais barato que a passagem de trem, e não tivemos problemas de propina ou algo parecido.

    Ficamos algum tempo aguardando em Puerto Quijarro a saída do ônibus  e neste intervalo resolvemos procurar um lugar para comer. Esta foi outra dificuldade, pois na Bolívia dificilmente encontrará um lugar limpo e confiável para se alimentar. Eu por exemplo, neste dia comi apenas frutas.

Em um restaurante, tomando uma cerveja, ja que era a unica coisa industrializada ali.

     Quando o ônibus chegou outra surpresa, no ônibus não havia ar condicionado e as janelas não abriam. Ainda bem que a viagem era a noite, pois no calor insuportável daquela região, seria impossível viajar durante o dia.
    Na Bolívia os donos dos ônibus não são as empresas que vendem suas passagens, e sim o motoristas, portanto eles são os "manda-chuva" ali e fazem o que querem. Nosso motorista parou o ônibus no meio da estrada, para descer em um povoado e comprar cigarros, e depois foi dirigindo e fumando dentro daquele ônibus todo lacrado. E não adianta reclamar, pois um dos passageiros que reclamou, o motorista o mandou descer do ônibus no meio da rodovia. É galera, agora lhes apresento a Bolívia, a terra sem lei!

Terminal Rodoviário de Puerto Quijarro
Custos:

  •  Táxi da fronteira a estação de trem 15,00 bolivianos ( mas eramos 5 pessoas o que influencia no preço);
  • Passagem de Puerto Quijarro a Santa Cruz de la Sierra 120, 00 bolivianos;
  • Cotação : 1 real = 3 bolivianos, 1 dólar = 6,80 bolivianos


Um conselho, troque somente o que você for gastar nesta cidade, pois os câmbios vão melhorando conforme se afasta da fronteira.

Saindo do Brasil 

Uberlândia até a fronteira de Corumbá